A Câmara Baixa do Congresso da Polônia (Sejm) aprovou uma resolução para "defender o bom nome de são João Paulo II" depois que uma reportagem da televisão o acusou de encobrir três casos de abuso sexual clerical quando era arcebispo de Cracóvia.

A resolução foi aprovada na quinta-feira (9), com 271 votos a favor, 43 contra e 4 abstenções. Anteriormente, havia recebido a aprovação da Comissão Parlamentar de Cultura e Mídia.

A medida, entre outras coisas, anuncia que "o Sejm condena veementemente a vergonhosa campanha midiática, baseada em grande parte nos materiais do aparato comunista de violência, do qual o grande papa polonês são João Paulo II é o objeto".

Em 6 de março, o canal polonês TVN divulgou uma reportagem baseada nos registros do serviço de inteligência e da polícia secreta comunista (SB), acusando João Paulo II de supostamente ter encoberto casos de abuso sexual de crianças por padres.

As denúncias apontam para os anos em que Karol Wojtyla liderou a arquidiocese de Cracóvia, antes de se tornar papa. A agência acusou o papa de transferir padres para novas paróquias, apesar de supostamente saber das acusações de abuso.

No entanto, dois dos casos já haviam sido negados em dezembro de 2022 por dois jornalistas investigativos.

A Conferência Episcopal da Polônia disse na terça-feira (7) que o terceiro caso, embora nunca tivesse sido mencionado antes, “não foi apresentado com base numa investigação processual ou judicial, mas sim nos arquivos dos serviços de segurança da República Popular da Polônia”, regime comunista que caiu em 1989.

A resolução do Congresso diz que "a tentativa de desacreditar João Paulo II com materiais que nem mesmo os comunistas ousaram usar refere-se a métodos que colocam os autores fora do círculo de civilizações ao qual a Polônia pertence desde 1989".

O primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, disse em uma mensagem de vídeo que "há quem esteja tentando provocar não um conflito militar, mas uma guerra cultural aqui na Polônia".

"Estou em defesa do nosso querido papa, como a maioria dos meus concidadãos, porque sei que como nação devemos muito a João Paulo", disse.

Para Piotr Gliński, vice-primeiro-ministro, "o objetivo do ataque a João Paulo II é enfraquecer a Polônia".

“Estamos aqui para defender certas coisas óbvias da vida pública (…). É por isso que nossos eleitores nos elegeram, para defender o bem público. E o bem público de mais alto nível é João Paulo II”, disse.

Dom Stanislaw Gądecki, presidente da Conferência Episcopal Polonesa, criticou o relatório por apresentar uma avaliação “tendenciosa” e “anti-histórica de Karol Wojtyla, desconsiderando o contexto mais amplo e aceitando acriticamente os documentos criados pela polícia secreta como confiáveis”.

Gadecki lamentou que os investigadores não tenham levado em consideração “relatórios e estudos existentes que retratam com credibilidade” as “palavras e feitos” de são João Paulo II.

João Paulo II é um herói nacional na Polônia por ter contribuído para a libertação do país e de outros países do comunismo soviético. Ele se tornou uma figura conhecida por sua apresentação carismática e reflexiva do catolicismo e por suas viagens apostólicas sem precedentes. O papa Francisco o declarou santo em 2014.

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